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“Quando nos morre um filho uma parte de nós vai com eles.” A história de uma mãe guerreira

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Se procurarmos no dicionário o significado da palavra Mãe encontramos a seguinte definição:

“mãe”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:

  • Mulher que tem ou teve filho ou filhos.
  • Mulher que cria e educa criança ou adolescente que não foi gerado por ela, mas com quem estabelece laços maternais e a quem pode estar ligada por vínculos jurídicos.
  • Animal fêmea que tem filho ou filhos.
  • Mulher carinhosa ou protetora.

Todas estas definições estão corretas. Mas hoje, e depois de termos feito a entrevista à Maria Clara Afonso, mãe do jovem Dinis, a pequena palavra Mãe, tomou uma outra proporção, um outro significado: abnegação, entrega, força, vida, esperança, fé, luta e claro, amor!

Maria Clara, uma mulher com ‘M’ de Mãe

É impossível conhecer a história de vida da Maria Clara e não ficar comovido. É impossível conhecê-la sem sairmos da sua beira com a profunda certeza de que deve haver pouquíssimas mulheres como ela neste mundo. Porque a Maria Clara é a personificação da força, da resiliência, da bondade e da aceitação. Se a palavra luta tivesse um rosto, sem dúvida, que seria o rosto da Maria Clara.

Apesar de ter tido uma vida difícil e cheia de desgostos é dona de um sorriso contagiante. Os seus olhos, apesar das lágrimas que carregam, não perderam o brilho. E é por isso que afirmo que a Clara é como se fosse de outro mundo “confesso que já sofri muito. Mas ainda assim todos os dias, ao deitar, agradeço a Deus pelas pessoas boas que tem posto no meu caminho. Eu sou feliz se sentir que as pessoas em meu redor também estão felizes.”

Ouvir a palavra ‘agradecimento’ da boca de uma mulher que tem sofrido tanto é uma lição para todos nós “perdia a minha filha quando ela tinha dois anos. Faltavam uns meses para fazer três. Morreu por causa de um cancro. Não há uma dor maior do que ver morrer um filho. Quando descobriram o que a minha menina tinha eu não percebi muito bem. Pensava que com uma operação se resolvia. Quando soube que não, e que apesar de todos os tratamentos que fizemos com ela, nada havia a fazer, o meu mundo desabou. Disse à enfermeira: diga-me o que é que eu faço, eu estou sem rumo. E ela disse-me, leve a sua menina do hospital, para o conforto da sua casa para que viva o tempo que lhe restar ao ar livre. E assim o fizemos. Ela teria hoje em dia 26 anos, se tivesse sobrevivido.”

A menina morreu nos braços da sua mãe “eu passei aquela noite em branco. A tentar dar-lhe conforto. Ela essa noite estava muito irrequieta. Queixava-se muito. Nem com a medicação conseguia tranquilizar. Aquele sofrimento estava a dar cabo de mim e confesso que, desesperada, disse a Deus: senhor, peço-te que leves a minha menina. Ela não merece tanto sofrimento…e passados alguns segundos, ela respirou fundo e ficou nos meus braços. Ter feito aquele pedido a Deus foi muito difícil, mas eu não queria que ela sofresse mais. ”, recorda emocionada.

Clara confessa que não existe um só dia em que não se lembre da sua filha “quando nos morre um filho, uma parte de nós vai com eles. Não voltamos a ser os mesmos. Aprendemos a viver duma outra forma.” 

Depois de ter perdido a sua filha, Maria Clara tinha o sonho de voltar a ser mãe “se por mim fosse. tinha muitos filhos,” confessa. Mas esse caminho também esteve cheio de desilusões “depois de ter perdido a minha menina sofri seis abortos. O meu corpo ficou muito debilitado, até que tive de recorrer à inseminação artificial para conseguir engravidar novamente. E consegui. A gravidez do Dinis foi uma gravidez de risco. Tive de estar oito meses de repouso absoluto, mas tivemos o nosso menino. Saudável e perfeito, como tanto tinha pedido a Deus,” recorda.

Fotografia recente do Dinis

Mas a vida tinha preparado uma uma nova rasteira para Maria Clara e o seu marido “o Dinis sempre foi um menino muito ativo. Ele só estava bem a mexer, a correr, a saltar. Era muito traquina. Naquele dia tive de ir ao cemitério com a minha irmã e levei o Dinis comigo. Quando lá chegamos ele e o seu primo soltaram-se das cadeiras e fugiram pelo carro fora. Eu sai imediatamente do carro para ir atrás deles, mas já estavam de pé encima de um muro. Eu não podia correr para tentar que ele descesse, porque iria fazer que ele corresse também. Eu só lhe dizia para ficar quietinho, até conseguir chegar até ele, e descê-lo mas ele, com aquele olhar traquina, deu dois passos e caiu. E ali, o meu mundo parou. Eu só pensava, o meu menino matou-se”, conta.

Dinis tinha dois anos quando caiu de um muro de quase quatro metros que o deixou paraplégico “ele teve lesões muito graves a nível neurológico. Foi transportado para o Porto de helicóptero. Eu naquele momento parece que estava noutra dimensão. Não consegui chorar, não consegui reagir, fiquei em choque. Não percebia o que tinha acabado de acontecer. Houve uma médica que me disse para eu ir preparando o caixão porque eu só tirava o meu filho de lá morto, assim, desta maneira fria e dura. Mas Deus Nosso Senhor permitiu que ele melhorasse e, apesar de tudo o que os médicos diagnosticaram o Dinis está aqui, com imensos progressos feitos na sua saúde.”

Dinis faz tratamentos intensivos de fisioterapia e terapias alternativas que lhe tem permitido, aos poucos, conseguir grandes feitos “o sonho dele é conseguir por-se de pé e voltar a andar e eu trabalho para que isso seja assim.”

O Dinis  e a sua família têm vencido enormes batalhas. Apesar da sua condição o Dinis é um jovem perfeitamente integrado na comunidade escolar e tem tido progressos a nível motor, cognitivo e neurológico “ele tem melhorado graças ao esforço que temos feitos para ele assistir às terapias.”

Maria Clara, o seu marido e restante família e amigos têm sido incansáveis na luta para que o Dinis consiga ter qualidade de vida e possa assistir às terapias que lhe tem possibilitado tantos progressos “nós mensalmente recolhemos tampinhas que entregamos na Resulima e por cada tonelada entregue recebemos 200€ para ajuda do pagamento das terapias e de tudo aquilo que o Dinis precisa. Temos muitas pessoas boas que nos ajudam, também com donativos, dou graças a Deus por colocar no nosso caminho pessoas tão boas. Por exemplo, a empresa HDS, que de forma gratuita, transporta as tampinhas que conseguimos recolher e que nos doam e fazem o trasporte sem nos cobrar absolutamente nada pelo serviço. Agradeço a todos aqueles que nos ajudam de forma desinteressada. Somos muito afortunados. ”

A força, determinação, entrega, amor e resiliência da Maria Clara demonstra o que significa verdadeiramente a palavra Mãe: uma mulher que vá onde for preciso para cuidar, proteger, ajudar e amparar os seus filhos.

É um privilégio conhecer mulheres como a Maria Clara que a pesar das amarguras que a vida lhe tem oferecido, recebe de braços abertos, com um sorriso no rosto e com a gratidão no peito.

Neste dia da Mãe queremos felicitar a todas as Mães, mas especialmente, a todas aquelas Mães com filhos portadores de deficiência, doença ou incapacidade que diariamente, se desdobram para conseguir ajudar e amparar os seus filhos, em detrimento delas próprias!

Para todos aqueles que desejem saber mais informações acerca de como ajudar o Dinis poderão fazê-lo contactando a página do Facebook ‘Dar uma mão solidária ao Dinis’. Se quiserem contribuir com ‘tampinhas’ poderão entregar em qualquer centro escolar pertencente ao Agrupamento de Escolas de Valdevez. Para donativos monetários poderão fazê-lo para o seguinte NIB: 003501020005188873043

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PJ realiza buscas no quartel dos Bombeiros de Arcos de Valdevez; direção não é alvo e inquérito foca seis operacionais

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A 4 de novembro de 2025, a Polícia Judiciária realizou buscas aos equipamentos informáticos do quartel da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez. A diligência não visou nenhum membro da direção e a investigação incide sobre seis bombeiros, no âmbito de uma questão operacional, indica a Associação. Nenhum dos visados — nem a própria instituição — foi constituído arguido.

Segundo o comunicado, a Associação sublinha o princípio de transparência e explica que a busca teve por objetivo aceder a dados armazenados em equipamentos do quartel e telemóveis dos suspeitos, relacionados com a atividade operacional (nomeadamente escalas de serviço, relatórios de presenças, folhas de vencimento e comprovativos de pagamento associados ao DECIR/ANEPC). A medida pretende recolher documentação e comunicações relevantes para o inquérito. Nota de imprensa

A direção frisa que nenhuma pessoa foi constituída arguida e reafirma a confiança na inocência dos bombeiros enquanto decorrem as diligências. O comunicado é subscrito pelo presidente da direção, Germano Amorim. Nota de imprensa

O que se sabe (até agora)

  • Data das buscas: 4 de novembro de 2025. Nota de imprensa
  • Alvo: equipamentos informáticos do quartel; não incide sobre membros da direção. Nota de imprensa
  • Âmbito: questões operacionais; investigação a seis bombeiros. Nota de imprensa
  • Situação processual: ninguém constituído arguido, incluindo a Associação. Nota de imprensa

Nota editorial: conteúdo baseado no comunicado oficial da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez.

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‘Acompanhamento ao Idoso’: o projeto de Sónia Fernandes que leva cuidado e amor aos seniores do Alto Minho

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Com um coração generoso e uma vocação inata para cuidar, Sónia Fernandes lidera o projeto “Acompanhamento ao Idoso”, que há sete anos leva conforto, companhia e dignidade a seniores de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca.

Natural de França, com raízes bem firmadas em Arcos de Valdevez, Sónia Fernandes é uma mulher de sorriso fácil e dedicação contagiante. Desde cedo percebeu que a sua vocação estava em cuidar dos outros — especialmente dos mais velhos.

“Mais do que um gosto, é uma paixão. Gosto de cuidar, de acompanhar, de fazer a diferença na vida destas pessoas que me dão o seu voto de confiança. É mesmo disto que eu gosto: de ajudar as pessoas”, partilha.

Depois de vários anos radicada em França, país onde nasceu, Sónia decidiu regressar a Portugal e criar o projeto “Acompanhamento ao Idoso”, que há sete anos presta apoio a dezenas de seniores nos concelhos de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca.

O Arcos em Destaque acompanhou Sónia e a sua sobrinha, Stephanie, numa das visitas domiciliárias — um gesto simples, mas carregado de humanidade. A viagem levou-nos até à freguesia de Vila Chã Santiago, em Ponte da Barca, onde conhecemos o senhor Manuel e a sua família.

“Eu fiz acompanhamento à esposa do senhor Manuel, que infelizmente faleceu em agosto. Mas continuamos a vir cá uma vez por semana para o ajudar nas tarefas e, acima de tudo, para lhe fazer companhia. Temos um carinho muito especial por ele e por toda a família”, explica Sónia.

À chegada, o senhor Manuel recebe-nos com um sorriso largo e a hospitalidade típica minhota.

“Sejam bem-vindas! Façam o favor de entrar!”, exclama, com alegria contagiante.
“Eu gosto muito destas meninas. É uma sorte termos encontrado a Sónia e a Stephanie. Ajudam-me em tudo e cuidaram muito bem da minha esposa enquanto foi viva. Isso para mim é tudo”, partilha, visivelmente emocionado.

Enquanto conversam, Sónia e Stephanie perguntam se precisam de ajuda para preparar a mala — o senhor Manuel vai passar o Natal com a filha, em França. Ele insiste que está tudo pronto, mas não resiste a um abraço apertado. Um gesto que traduz a gratidão em estado puro.

O projeto Acompanhamento ao Idoso disponibiliza serviços como cuidados de higiene e conforto pessoal, acompanhamento a consultas, limpeza das habitações, entrega de refeições e ainda serviços de nutricionista e cabeleireiro ao domicílio.

Mais do que um conjunto de tarefas, trata-se de um compromisso com o bem-estar e a dignidade dos idosos, muitos deles a viver sozinhos e longe das famílias emigradas.

A filha do senhor Manuel, Manuela, confirma, emocionada, o impacto que o projeto da Sónia tem tido na sua família: “não podíamos ter tido melhor sorte. A Sónia e a Stephanie são muito cuidadosas, muito atenciosas. Foram incansáveis com a minha mãe e são maravilhosas com o meu pai. É um sossego saber que estão por perto.”

Com voz serena, Sónia partilha a essência do seu projeto:

“Nem sempre os lares ou centros de dia são opção. Os idosos preferem estar em sua casa. Por isso fazemos o nosso trabalho com amor, empenho e dedicação. Porque os nossos idosos merecem.”

Entre cuidados, conversas e abraços, percebe-se que o verdadeiro valor do “Acompanhamento ao Idoso” vai muito além da assistência. É um ato de humanidade, que transforma a rotina de quem é cuidado e também de quem cuida.

Para esta família, Sónia e Stephanie são já parte da casa — um exemplo de entrega e carinho.

Agora é tempo do senhor Manuel ir passar as festas com a sua família, mas fez questão de deixar um recado à Sónia e à Stephanie “eu vou, mas quando voltar, quero-vos de novo aqui em casa comigo” e nesta frase resume-se tudo o que de melhor a vida tem.

“Um cuidador não faz apenas companhia…preenche vazios que ninguém vê”.

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Aviso laranja no Alto Minho: chuva forte esta quarta-feira

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Entre as 03h00 e as 09h00 vigora aviso laranja para a chuva; vento forte e agitação marítima também sob aviso.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou todos os distritos de Portugal continental, exceto Bragança, sob aviso laranja na quarta-feira, devido à chuva por vezes forte prevista entre as 03h00 e as 09h00. Antes e depois desse período, o aviso desce para amarelo.
No Alto Minho, os distritos de Viana do Castelo e Braga seguem esta matriz horária, com reforço de atenção ao vento do quadrante sul e à agitação marítima.

Linha temporal dos avisos (quarta-feira)

  • 00h00–03h00: Amarelo (chuva).
  • 03h00–09h00: Laranja (chuva por vezes forte).
  • 09h00–15h00: Amarelo (chuva).
  • Trovoadas e fenómenos extremos de vento: Amarelo entre 03h00 e 09h00.
  • Bragança: mantém-se amarelo para chuva entre 06h00 e 15h00.

Vento e mar

  • Vento (amarelo): rajadas até 80 km/h no litoral e até 100 km/h nas terras altas, entre 21h00 de hoje e 09h00 de quarta-feira. Distritos abrangidos incluem Viana do Castelo e Braga, entre outros.
  • Agitação marítima (amarelo): Porto, Viana do Castelo, Aveiro, Coimbra, Leiria, Lisboa, Setúbal, Beja e Faro sob aviso entre as 21h00 de hoje e as 14h00 de quinta-feira. Prevêem-se ondas de oeste/sudoeste de 4 a 5 metros.

O que esperar no Alto Minho

  • Períodos de chuva intensa durante a madrugada/manhã de quarta-feira, podendo ocorrer picos localizados.
  • Rajadas fortes sobretudo em cotas mais elevadas (Serra da Peneda-Gerês).
  • Condições para trovoadas e fenómenos extremos de vento no período laranja.
  • Risco costeiro elevado no litoral de Viana do Castelo devido à ondulação.

Recomendações de prevenção

  • Garanta limpeza de sarjetas e pontos de escoamento; evite estacionar em zonas propensas a inundações.
  • Modere a velocidade e aumente a distância de travagem; atenção a lençóis de água e vento lateral.
  • Evite zonas ribeirinhas durante cheias rápidas e não atravesse vias inundadas.
  • No litoral, afaste-se de arribas e molhes; atividades junto ao mar desaconselhadas.
  • Proteja estruturas soltas (toldos, objetos em varandas) por causa das rajadas.
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