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Miranda

Maria Isabel é da Miranda e há cinco anos, vive em condições desumanas! Conheça a sua história

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Conhecer a história de Maria Isabel Pereira dos Santos é como levar com um murro no estômago. Tem 51 anos e desde muito nova, tem carregado um fardo muito pesado. Atualmente, está a viver um verdadeiro inferno. O Arcos em Destaque conta agora, em exclusivo, a sua história.

No ano 2019, após ter passado por um divórcio muito turbulento, voltou da cidade de Aveiro, para a sua terra natal, a freguesia da Miranda, em Arcos de Valdevez. Ainda tinha a esperança de refazer a sua vida e conseguir cumprir o seu sonho: comprar uma casa e reiniciar a sua vida. Contudo, nunca pensou que a concretização do seu sonho a levaria a viver num pesadelo constante.

Logo após o divorcio regressou à Miranda para viver com a sua mãe “os meus filhos já têm a sua vida organizada e eu quis regressar para estar perto da minha mãe. Eu sai de casa muito nova, ainda criança, para ir trabalhar, fui servir para uma casa particular. Já passei por muito”, conta.

A convivência de Maria Isabel com a sua mãe não correu de feição e ela, quis então encontrar outro caminho “quando saí da casa da minha mãe queria organizar a minha vida, ter o meu espaço, sem deixar de estar perto dela, foi então quando, com muito esforço, e com o dinheiro que tinha juntado, comprei a casa onde vivo há cinco anos”.

Maria Isabel comprou esta casa com o intuito de fazer obras de restauro e conseguir ter um espaço confortável para poder dar um novo rumo à sua vida “eu comprei esta casa no dia 25 de junho de 2019. O meu plano era construir um pequeno anexo fora de casa, tipo um estúdio, para viver de forma confortável enquanto fazia as obras de restauro”.

Fachada exterior da casa de Maria Isabel, comprada em junho 2019

E assim o fez, iniciou a construção do anexo até que em 2020, passados poucos meses desde que comprou a casa “recebi uma carta do tribunal, onde dizia que a venda da minha casa tinha sido impugnada por um herdeiro -que eu desconhecia que existia- e que ficava proibida de fazer quaisquer obras de restauro porque à final a casa não era minha e foi vendida sem o consentimento desse tal herdeiro”, recorda, muito nervosa.

Foi naquela altura que iniciou o pesadelo no qual Maria Isabel tem vivido nestes cinco anos “eu comprei a casa a uma sobrinha do senhor Avelino, que era o proprietário, mas que já não morava cá há muito anos. Paguei 8.000€. Foi feito tudo de forma legal. A casa está em meu nome, paguei-a, é minha. Por isso não consigo perceber de onde apareceu este senhor a dizer que também é herdeiro e que o sr. Avelino lhe deixo a casa a ele”.

Depois de ter recebido aquela carta onde impugnavam a venda da casa a vida de Maria Isabel ficou num impasse. As obras que tinha iniciado para construir o anexo ficaram sem efeito. Com a impugnação da venda ela também ficou proibida de fazer qualquer obra de restauro e desde há cinco anos, vive numa casa que é dela, mas que alguém alega que não lhe pertence.

Assim, nunca conseguiu iniciar as obras de restauro e desde 2020, Maria Isabel vive em condições desumanas “como vê tive de improvisar cá fora uma fossa e colocar a sanita ao ar livre. Para tomar banho também é cá fora, com bacias e panelas, por trás de uns resguardos que pendurei no telhado para ninguém ver. Seja de verão ou de inverno é assim que eu tomo banho e faço as minhas necessidades. Eu sempre fui uma mulher muito limpa. Desde que vivo assim tenho sempre a cisma de pensar que cheiro mal. Tomo banho todos os dias, mas o que mais sonho é poder tomar um banho com água quente e numa casa de banho resguardada”, explica, com as lágrimas a lhe escorrerem pelo rosto.

A casa de Maria Isabel é muito antiga “quando chove ou faz vento sinto tudo cá dentro. No inverno tenho de dormir debaixo de muitas mantas para me tentar aquecer, mas ainda assim, passo muito frio. Pus uma cortina por cima da minha cama para que de noite, enquanto descanso, não me caiam bichos nem sujidade do telhado”.

O frio e a humidade que se sente dentro daquela casa é indescritível. É quase impossível imaginar como alguém tem conseguido viver nestas condições durante tanto tempo. E quando lhe perguntamos como é viver assim Maria Isabel responde, com voz entrecortada “isto não é viver. É sobreviver. Eu estou desesperada. Ninguém merece viver nestas condições. Esta situação tem acabado com a minha saúde, com a minha sanidade mental. Eu vivo em constante sobressalto. Eu preciso que alguém me possa ajudar a resolver esta situação para poder viver dignamente. Eu já não aguento mais viver assim”, desabafa.

E realça “eu não preciso ajudas monetárias porque graças a Deus trabalho e consigo ter as minhas coisas, os meus bens essenciais. Eu só preciso que alguém me ajude para que esta situação se resolva em Tribunal e eu consiga ter a minha vida e a minha dignidade de volta”.

Maria Isabel tem o olhar cansado e a alma em pedaços “por causa de estar a viver nestas condições ganhei uma doença autoimune e tenho muitos problemas nos pulmões por causa da humidade e o bolor que tenho nas paredes da casa. Também estou a ser seguida pela psiquiatria, porque eu já me sinto sem forças, esta situação já está assim há demasiados anos e nada se resolve”.

Desde 2020, data na qual recebeu a carta que explicava a impugnação da venda, Maria Isabel tem tentado contactar a pessoa que lhe vendeu a casa, mas sem sucesso “quando recebi a carta tentei falar com a sobrinha do proprietário que foi quem me vendeu a casa, para lhe explicar a situação e ela, simplesmente, disse que não era problema dela e desde aí, bloqueou o meu número, não consigo contactar com ela de forma alguma.”

O senhor Avelino, quem era o proprietário da casa, faleceu no ano 2023, “segundo me explicaram ele saiu desta casa há muitos anos (pelo menos mais de 30) e nunca mais voltou. O suposto herdeiro que agora apareceu é, pelo que dizem, quem tomou conta dele desde que saiu da Miranda e só agora que ele faleceu apareceu com um suposto testamento que o senhor Avelino lhe deixou e onde diz que a casa é dele. Mas a única herdeira conhecida que ele tinha era a sobrinha, que foi quem me vendeu a casa. O senhor Avelino morreu solteiro e sem filhos”, esclarece.

Passaram cinco anos desde que a venda foi impugnada. Cinco anos nos quais a Maria Isabel vive numa casa sem condições, acompanhada pela solidão e a implorar que alguém a possa ajudar para resolver esta situação “eu até para cozinhar fico cheia de medo. Convivo todos os dias com animais que entram em casa: ratos, sardões, cobras, e eu fico em pânico. Esta situação dá cabo da minha autoestima. É muito triste viver assim. Nenhum ser humano merece viver desta forma. Tenho sido maltratada e insultada pela forma como vivo. Uma vez uma mulher disse-me se eu não tinha vergonha de ser tão nova e de viver assim, que a corte dos porcos da mãe dela era melhor que a minha casa”, desabafa num choro angustiante.

O caso de Maria Isabel está a ser seguido pelo seu advogado, mas desde que o processo em Tribunal iniciou foi marcada uma única audiência e, incrivelmente, foi adiada “a audiência foi marcada para fevereiro deste ano, foi adiada e agora não sei para quando será marcada a próxima. Entretanto, eu continuo a viver assim. Sem conseguir fazer obras no que é meu e a viver nestas condições tão difíceis”.

Maria Isabel deixa um apelo “peço que por favor alguém me possa ajudar para resolver esta situação. É muito difícil viver assim. Eu estou desesperada e preciso de ajuda. Eu comprei esta casa, de forma legal, e só quero que se possa resolver tudo em Tribunal para eu conseguir a paz que tanto preciso. Peço ajuda a quem me possa dar uma mão. Eu tenho vergonha de viver nesta situação. Eu preciso recuperar a minha dignidade. Eu já não posso viver mais assim”, implora.

O Arcos em Destaque sabe que os serviços da Ação Social da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez estão atentos ao processo da Maria Isabel “a assistente social que segue o meu caso disse-me que é necessário a situação ser resolvida em Tribunal para conseguirem encontrar algum tipo de ajuda para mim. É um processo que está a decorrer, e eu, como legalmente sou dona desta casa, não me posso candidatar para a atribuição de uma habitação social”, esclarece.

Maria Isabel adormece, todas as noites, entre o medo e a esperança. Deixou um apelo desesperado de ajuda que esperamos, possa ser atendido!

nas grandes batalhas da vida o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer”

everton melo

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Miranda

Uma Receita de Amor: Crianças de Miranda presentearão os idosos da freguesia no Natal

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Uma iniciativa que visa entrelaçar gerações. Para além de pequenos mimos feitos por eles, os mais pequenos vão espalhar carinho e alegria nesta época tão especial. O trabalho para o bem do próximo é um valor que deve ser incutido desde cedo.

No próximo sábado, dia 21 de dezembro, os mini chefes mirandenses vão meter as “mãos à massa” e confecionar bolachinhas de natal e chocolates, que no dia 23, irão distribuir pelos idosos da freguesia.
O convívio de idosos e crianças reduz preconceitos e falta de compreensão, aumenta a solidariedade e beneficia o vínculo afetivo.

Este Natal, na Miranda, o ingrediente principal será o amor.

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Cultura

‘Ó Gente da Minha Terra’: a mais bela ‘mistura’ nunca antes vista na freguesia da Miranda

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No próximo domingo, 30 de junho, a Floresta Encantada da freguesia da Miranda será o palco para o espetáculo-ritual que tem por nome ‘Ó Gente da Minha Terra’, idealizado por David Costa, um talentoso artista filho da terra, apaixonado pela cultura popular, e quem desde há muito tinha o sonho de ‘misturar’ os dois mundos que lhe são muito caros: a cultura ‘queer‘ e a cultura popular mais genuína desta terra tipicamente alto-minhota.

“Esta ideia surgiu, mais ou menos, há dois anos atrás. Eu vim cá fazer o meu projeto final da Faculdade (Escola Superior de Teatro e Cinema em Lisboa) e uma das apresentações do meu projeto final foi aqui nesta Floresta. Não ainda com as pessoas de cá, mas viemos cá apresentar com a minha turma”, relata.

David conta que logo após aquele projeto acontecer “surgiu esta oportunidade em conversa com a Alexandrina e o Dr. Nuno Soares e, na verdade, era algo que me interessava porque desde criança que gosto muito da cultura popular e da cultura produzida aqui. É algo que me atrai, que me encanta muito, e foi ali que surgiu a ideia de fazer alguma coisa com as pessoas de cá”.

O jovem artista confessa que além da cultura popular queria também “juntar o meu mundo do Porto e de Lisboa, e cruzá-lo com o de cá. Porque são mundos que, às vezes, entram em conflito, em alguns aspetos, e que são conflitos que eu vivo dentro de mim e que são complicados de lidar. Eu acho que a arte poderia ser um bom sítio para abrir horizontes e para fazer uma série de trocas que podem ser enriquecedoras para toda a gente”, sintetiza.

E foi assim que, então “convidei estas pessoas que são amigas minhas, de algum tempo, pessoas que conheci quando fui para o Porto, com 15 anos, estudar teatro (…) eu costumo dizer que escolhi estas pessoas a dedo. Porque para além de serem artistas incríveis, são amigas muito próximas e com quem tenho muita intimidade, é como se fosse família. E queria que fosse um grupo assim que viesse para aqui porque isto, para mim, de alguma forma, é um sítio muito frágil. Eu sinto que não podia trazer para aqui qualquer pessoa. Só os nossos amigos é que vão à nossa casa. E como era para virmos e ficarmos cá durante duas semanas, eu queria que fossem pessoas que eu tivesse muita confiança de as ter cá e de se relacionarem bem com as pessoas de cá”, afirma.

Para todo o grupo a experiência tem sido sumamente agradável e enriquecedora “é uma outra realidade que nós trouxemos. Uma outra bolha, e por vezes, essas bolhas têm muitos conflitos entre si. Por isso é que eu digo que pode ser frágil. Mas na verdade tem corrido super bem. Tem sido incrível ver tudo isto a acontecer, porque para mim é mesmo isso. Esse cruzar de mundos, que às vezes parecem antagónicos, impossível de se relacionarem, improváveis, e de repente, isso está a acontecer e está a acontecer de uma forma bastante alegre”, confessa satisfeito.

O jovem mirandense esclarece que este espetáculo-ritual também tem o intuito de ‘abrir horizontes’. De demonstrar que é possível conviver com as diferenças e divergências “não é pela forma como nós nos vestimos, ou pelas pessoas com quem nos relacionamos, ou pela nossa sexualidade, pelas nossas identidades de gênero…isso são aspetos do ser humano, e o ser humano é diverso. E às vezes isso entra em conflito com algumas coisas ou até, politicamente isso é usado como uma forma de odio, como uma forma de fazer política. E nós estamos aqui a provar que não deve ser assim. Este espetáculo é, também, uma luta contra isso. É uma luta contra um pensamento conservador, que não quer que nós existamos e que nos quer tornar a todos iguais

nós estamos cá para dizer que as nossas diferenças são para ser celebradas, são para ser respeitadas. Para dizer que podemos todos conviver nessas diferenças. Não há nada que nos impeça de conviver: credos diferentes, identidades diferentes, sexualidades diferentes. Nós podemos, respeitando todas essas diferenças, conviver. E este espetáculo é para provar que isso pode acontecer”.

E o que é que as pessoas poderão encontrar no próximo domingo, no espetáculo-ritual ‘Ó Gente da Minha terra’?

“aquilo que encontrarão não será bem uma peça de teatro, mas mais, um espetáculo-ritual. É uma espécie de procissão, porque faz-se um percurso, onde vão aparecendo vários quadros, quadros-vivos, que são uma espécie de atos poéticos, em que se misturam essas culturas e essas diferentes formas de existir. Mas eu não diria que seria teatro, no sentido clássico do que é uma peça de teatro, mas também podemos chamar-lhe teatro, mas é algo muito mais performático”.  

Estes jovens artistas ‘viveram’ durante duas semanas as experiências mais puras e o quotidiano do povo da Miranda. E todas estas vivências foram registadas para, mais tarde, criar um documentário que relate os usos, costumes, tradições e sabedoria popular desta aldeia “sinto que há uma última geração de pessoas que vai desaparecer e que tem uma sabedoria popular que se vai perder. Que se não for registada, vai-se perder. Infelizmente há muitas destas pessoas que pensam que aquilo que sabem não tem muito valor. Acham que não é interessante. Por exemplo, eu peço para elas falarem e de forma automática, respondem: não vou dizer nada de jeito! Quando elas estão cheias de sabedoria. Só que isso -infelizmente- neste momento não é valorizado”, reflete.

David Costa e os seus colegas afirmam que este espetáculo, inédito na sua forma, tem uma palavra chave e ela é: mistura “porque tudo pode ser misturado, respeitando a sensibilidade de cada um, respeitando todas as culturas, mas tudo pode misturado”.

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Miranda

Freguesia da Miranda: o palco das mais incríveis histórias de vida!

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De 17 a 30 de junho, a freguesia de Miranda em Arcos de Valdevez acolherá um grupo de jovens artistas (atores, músicos, dançarinos) para residência artística. Durante essas duas semanas, percorrerão a aldeia numa recolha de testemunhos, tradições, dizeres, canções… Uma troca de experiências entre pessoas com histórias de vida e realidades completamente diferentes. Estas conversas e interações serão registradas e daí resultará, posteriormente, um documentário.

O culminar desta experiência terá lugar dia 30 de junho, às 17h00 no Parque de Merendas da Poça do Couto com um espetáculo onde participarão também alguns mirandenses. Uma forma de mostrar a importância da cultura e das tradições e que a arte pode estar em pequenos hábitos do dia a dia.

O projeto nasce de uma ideia de David Costa, artista queer e multidisciplinar mirandense. Durante a residência procurar-se-á a construção de objetos artísticos que cruzem a cultura produzida pela comunidade de Miranda com os conhecimentos, interesses e culturas vividas pelos artistas exteriores a esta comunidade.

Atos poéticos onde se mistura cultura popular minhota e cultura queer, tradição e subversão, ruralidade e cosmopolitismo, sacralidade e profanidade. De modo a provar que nestes corpos tudo convive e nada precisa ser morto.

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