A crónica que vão ler surgiu após ver uma notícia nos jornais portugueses. No final, gostaria de obter os vossos comentário e a vossa opinião. A notícia foi a seguinte:
Pai dá uma bofetada no filho dentro da escola e pode agora responder pelo crime de violência doméstica
O caso aconteceu na quinta-feira, em Viseu. Segundo informações avançadas pela TVI, o pai recebeu uma chamada da diretora de turma do filho a fazer queixa ‘mais uma vez’ do mau comportamento do jovem. O pai, depois de receber o telefonema, dirigiu-se à escola, para falar com o filho, e durante a conversa, ter-se-á exaltado, dando uma bofetada no filho.
A escola, depois do incidente, ligou à GNR e o pai poderá agora ser acusado de violência doméstica. Já o filho, e segundo o diretor da escola “está a ser apoiado por uma equipa de psicólogos e pedimos aos colegas de turma que também o apoiem e que percebam que esta atitude não está certa (a atitude do pai do jovem).”
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A notícia também refere que os pais do jovem já tinham sido chamados várias vezes à escola pelo mau comportamento do filho e que o pai “desta vez” teria perdido o controle da situção.
Ok. Agora vamos lá tentar descodificar tudo aquilo que aconteceu.
Ponto um: um pai é chamado à escola pela diretora de turma do filho por maus comportamentos do jovem.
Ponto dois: o pai vai à escola para entender o que se passa. Exalta-se enquanto fala com o filho e dá uma bofetada no jovem.
Ponto três: é chamada a GNR ao local. O caso é encaminhado para a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens.
Ponto quatro: o pai poderá ter de responder pelo crime de violência doméstica.
Ponto cinco: preciso ajuda para entender isto tudo!
Eu não sou a favor da violência, nunca. Mas sejamos sinceros, que todos nós, enquanto pais, já perdemos muitas vezes a paciência com os nossos filhos. E muitas vezes já nos apeteceu dar-lhes uma palmada ou uma bofetada, tal e qual como este pai fez.
Ninguém aqui está a falar que a criança foi brutalmente espancada como aconteceu com a pequena Valentina quem sim morreu às mãos do seu pai, brutalmente espancada e violentada. Estamos a falar de um pai que, e segundo informações avançadas pelos meios de comunicação social, “terá ficado exaltado enquanto falava com o filho depois de ter sido chamado à escola, MAIS UMA VEZ, por causa dos maus comportamentos do jovem”.
Não sabemos as circunstância da conversa entre pai e filho. Não sabemos, de facto, a realidade daquela família, mas aquele pai, que agora está metido num grande sarilho, provavelmente só quis repreender o filho. Se o fez da melhor maneira? Não. Mas ser acusado de violência doméstica?!
Atenção, sei que há muitos que dir-me-ão: mas uma bofetada é uma agressão. E não deixa de ser verdade. Mas provavelmente estamos perante um pai que já não sabe lidar com a situação. Que provavelmente cansou-se dos maus comportamentos do filho. Cansou-se de não conseguir impor regras, cansou-se das queixas constantes dos professores, e sim, “perdeu a cabeça e deu uma bofetada no filho.” E nós, somos todos santos, não é?!
Espero poder ter, em breve, mais detalhes acerca desta caso. Saber se de facto existe historial de violência parental nesta família. Saber se de facto, este jovem precisa de apoio psicológico pelos maus tratos de que é vítima por parte dos pais. Ou se, pelo contrário, estamos a castigar quem não tem culpa. Tal e qual como aqueles pais que levantam processos e fazem queixa dos professores por causa de chamarem a atenção dos seus ‘anjinhos’, pronto, assim, tal e qual.
Porque volto a repetir, não conhecendo detalhes do caso, parece-me que, mais uma vez, estamos a crucificar o inocente e a ‘perdoar o Barrabás’.
1 comentário
O cerne de esta situação, certamente será a falta de empatia que nós pais vamos criando com os nossos filhos, por circunstâncias do dia a dia que fazem que nos distanciemos do que verdadeiramente nos levou a querer esta profissão de “pais”.
Os afetos vão se perdendo e com eles vem o distanciamento e a falta de compreensão que faz com que percamos a cabeça, e realmente está errado!
A sociedade está errada e o que deveria ser condenado não é, e fazemos de um ato que nos parece normal um delito!
Sinceramente, falta mais amor, compreensão, sabedoria… mas, não é só de agora já é de gerações anteriores e esses hábitos menos carinhosos infelizmente são os que prevalecem. Porque achamos que ser rude será a forma mais eficaz de obediência. Reflitamos e colocoquemo-nos no lugar da criança, nós temos mais vivências, somos os pais, é o nosso dever saber educar com afetos para criamos futuros adultos “de bem” e não repetir os mesmos erros de gerações antigas que levaram a criar leis contra a violência.