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A música tem o dom de unir toda a gente e o ruído tem o poder de destruir a saúde mental. O som é uma das variáveis ambientais mais significativas, ligado ao sentido da audição, está intrinsecamente conectado com a evolução e sobrevivência da espécie humana. Entre todos os sentidos é o único que conseguimos perceber a 360°. Tanto para o bem ou para o mal o som, tem comprovadamente, impacto nas emoções e no comportamento humano.

Antes de começar a leitura deste artigo convido-o a ouvir o silêncio. Sente-se calmamente, relaxe, e se possível,  feche os seus olhos, inspire e expire lentamente, sete vezes, e deixe-se mergulhar no silêncio (não importa que seja de breve duração, o nosso propósito não é meditar, é aterrizar no momento presente). Momentos de pausa e silêncios – não forçados- traduzem a existência da melodia ou harmonia, de outra forma só existe o ruído.

O som aparece, primeiro, como referência espacial, a psicologia ambiental refere “é em primeiro lugar a origem dos sons que permite que cada um se localize no espaço. Por outro lado, a privação de informações auditivas e a manutenção num silêncio forçado provocam um corte com o ambiente, incidindo sobre a privação sensorial.” Já o ruído define-se “quando um ambiente fica saturado de sons, criando uma atmosfera muitas vezes sentida como irritante, ou até opressiva. Um fenómeno acústico que é causado pela sobreposição de diversas vibrações não harmónicas.”

O som impacta-nos de quatro maneiras

  • Psicológica: tem a ver com as nossas memórias, por exemplo, uma das justificações para o aparecimento da música prende-se com a questão prática de os nossos antepassados lidarem com os desafios quotidianos e de os tentar memorizar de uma forma eficaz, passando a informação de uma forma mais eficiente.  
  • Cognitiva: concentração e foco, segundo um estudo desenvolvido nos EUA, demonstrou que crianças provindas de comunidades vulneráveis de Los Angeles, que “tiveram treino regular e continuado de música em ambiente orquestra tem impacto no comportamento, com melhorias significativas ao nível de competências cognitivas do treino de memória (…)”.
  • Fisiológico: respiração e batimentos cardíaco.
  • Comportamental: por exemplo, dança.

Então quais estratégias a adotar nos nossos ambientes e nas nossas vidas?

As duas mais importantes:

  • isolamento acústico: consiste em impedir a transmissão do som, seja pelo ar ou pela estrutura, de um local para outro, ou de um espaço para o exterior ou vice-versa.
  • acondicionamento acústico: consiste em dar a um espaço um tempo de reverberação adequado, evitando que as ondas acústicas reflitam muito alto, para que o som do espaço seja adequado de acordo com o uso e as dimensões. Desta forma, palavras, conversas ou instrumentos podem ser ouvidos de forma inteligível. Falamos nas formas geométricas, nos materiais de revestimento e acabamento a utilizar nos ambientes. Por exemplo, a utilização de madeira, almofadas, tapetes ou tecidos como o burel.

Criar uma playlist pessoal, com as músicas que nos fazem felizes e despertam boas memórias. Até porque, os estudos evidenciam que a dopamina é segregada antes e durante o prazer associado à música, pois a música ativa várias regiões do cérebro, especialmente o centro de recompensa.

Caminhar ou passar tempo na natureza é outra recomendação, além de conversar com as pessoas de quem mais gostamos – o design como agente de comunicação-. “Considerando que os sons da natureza são apaziguadores para a maioria dos seres humanos, há três que se destacam: o vento, a água e as aves. São a trifecta audição sadia (as músicas favoritas e as vozes de entes queridos, são talvez, os mais felizes, acionando quase todas as zonas do cérebro, de acordo com o neurocientista e músico Daniel Levitin.”

Aliás, o investigador e psicólogo de saúde bio comportamental, Joshua Smith, reforça a ideia de que “devemos pensar nas paisagens sonoras como sendo medicinais, são como um comprimido.”

Por fim, e parafraseando Confúcio “a música produz um tipo de prazer do qual a natureza humana não pode prescindir”.

Continue a inspirar e a expirar lentamente, para a próxima edição teremos uma dança com os aromas. Até Breve!

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Designer de interiores. Designer Executiva, Jordi Studio Design. Formação em Neurociências aplicada à Arquitetura, com enfase em espaços de saúde. Membro da Academia Brasileira de Neurociência e Arquitetura.

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