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Tocar. Acariciar. Acolher. Habitar. Podem parecer apenas palavras soltas, contudo, quando lidas com sentido – e o sentido importa- compreendemos que todos estes vocábulos guardam em si uma animada conexão. Experimentemos entrelaçar os dedos, e sentimos o acolhimento do nosso próprio corpo. Juahani Pallasmaa, quando escreveu o seu ensaio sobre A arquitetura e os sentidos, intitulou-o “Os olhos da pele”, para que de facto sentíssemos com a subtileza da nossa pele – a delicada fronteira da intimidade do nosso corpo- o mundo que nos rodeia.

Segundo a visão Renascentista, o sentido do tato está ligado ao elemento terra, ligado às formas, às texturas e temperatura. O tato é também designado com uma das “Cinco Linguagens do Amor” – possivelmente já ouviu falar em “fome de tato”, significa que a pessoa não esta a ser tocada, abraçada e acolhida como deseja. Os bebés adoecem e morrem se não sentirem o toque-, descritas pelo psicólogo e autor Gary Chapman.

Quando pensamos na palavra “casa”, pensamos em acolhimento, aconchego e intimidade. Um refúgio e um resguardo que nos permite ser quem queremos ser. O que deixa os ambientes mais intimistas são as texturas e a temperatura que aquelas superfícies emanam, a lã que nos catapulta para a memória de uma tarde de inverno, passada confortavelmente na nossa sala de estar em frente à lareira. Ou o linho fresco que nos lembra a frescura do verão.

O tato ajuda o nosso cérebro a mapear e catalogar superfícies que nos deixam felizes e superfícies que nos deixam desconfortáveis. Por exemplo, quando o pavimento é cerâmico já não sentimos tanta vontade de caminhar descalços em pleno inverno ou de manhã cedo quando saímos de cama. É mais confortável pisar pavimentos em madeira – ou que evoquem esta textura-, até porque a madeira dá-nos a sensação reconfortante de que caminhamos no meio da natureza.

Como podemos trazer mais conforto para a nossa casa a partir do tato:

  • usar mantas e almofadas com texturas agradáveis, que tragam aconchego e pertença;
  • usar texturas e materiais adequadas para cada estação;
  • cobrir o pavimento com tapetes, por exemplo no quarto usar tapetes mais macios;
  • as toalhas da casa de banho pretendem-se macias porque vão tocar diretamente na pele;
  • usar materiais naturais, texturas com relevo para proporcionar maior estímulo sensorial.

claro, que o ambiente deve seguir um plano congruente, não pretendemos atribuir ao espaço informações que em vez de nos encorajar a ter uma boa experiência tátil, nos desencoraje ou crie incómodos”.

Assim, de forma subtil introduza novas texturas – se calhar pode começar pela casa de banho-. Bachelard tem uma frase encantadora que define na perfeição a conexão lar e tato “Nos nossos lares temos esconderijos e cantinhos nos quais gostamos de nos aconchegar com conforto. Aconchegar-se pertence à fenomenologia do verbo habitar, e somente aqueles que aprenderam a fazê-lo conseguem habitar com intensidade. E quando sonhamos acordados a nossa casa será sempre um grande berço”, Pallasmaa acrescenta “há uma forte identidade entre a pele nua e a sensação de lar. A experiência do lar é essencialmente a experiência do calor intimo”.  

Por esta altura, o ambiente que escolheu analisar e sentir já deve ter:

  • um aroma associado;
  • palete cromática pessoal;
  • iluminação com temperatura quente;
  • música de fundo ou um melhor conforto acústico;

Agora, poderá associar novas texturas para tornar este cantinho no seu refúgio acolhedor, para se sentir bem e florescer. Depois de ter aplicado todos estas variáveis, vai notar que todas elas vivem em harmonia e equilíbrio, e que de facto quando bem empregues o nosso corpo recebe bons estímulos, assim os nossos comportamentos sairão mais beneficiados.

Ah, sabia que a natureza é restauradora e cinco horas por semana imersos em ambientes naturais trazem muitos benefícios?! É sobre natureza e ambientes que lhe falarei no próximo artigo. Até Breve!

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Designer de interiores. Designer Executiva, Jordi Studio Design. Formação em Neurociências aplicada à Arquitetura, com enfase em espaços de saúde. Membro da Academia Brasileira de Neurociência e Arquitetura.

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